O dia 8 de Maio começou bem cedo.
Por volta das 5h45 tínhamos de estar na Estação da CP de Aveiro para apanhar o comboio com destino a Santa Comba Dão.
Apesar do dia não se apresentar maravilhoso, ninguém faltou à chamada e à hora marcada o comboio arrancou com onze Biclas a bordo
A Sandra, o Capela, o Luís, o Rogério, o Nuno, o Paulo, o Martinho, o Simão, o Germano, o Bruno e eu, lá fizemos a viagem que teve um interregno na Pampilhosa para fazermos transbordo da Linha do Norte para a Linha da Beira Baixa e podermos chegar ao destino: Sta. Comba Dão.
Lá chegados por volta das 8h00, estava na hora de pedalar para podermos encontrar a Linha do Dão alguns quilómetros mais à frente, uma vez que havia (há) a impossibilidade de atravessar o Rio Dão pela ponte ferroviária.
Percorridos cerca de 6km chegámos a aldeia do Grangal onde começou a confusão para encontrar a linha. Depois de entrarmos em tudo o que era rua, caminho, carreiro e de estarmos a cerca de 5om da ponte, estava complicado começar a travessia propriamente dita.
Com uma hora feita, os ciclómetros marcavam 11km mas, finalmente tínhamos dado com a dita ponte ferroviária e depois de tirarmos a únicas fotografias que o tempo nos permitiu, lá arrancámos pela Linha do Dão, com destino a Viseu
Com as obras de transformação em ecovia em bom andamento, o piso da Linha do Dão não tem nada a ver com um traçado de ferrovia. Quase todo em vias de ser alcatroado, apenas apareceram dificuldades na travessia dos pontões o que nos levou a fazer alguns desvios, apesar da insistência do Rogério em querê-los atravessar.
Paisagens magnificas aquelas porque passámos. A transformação que está a ser feita peca por tardia uma vez que parte da linha já se encontra ou ocupada por outros equipamentos e mesmo o património arquitectónico já se encontra nalguns casos sem qualquer hipótese de recuperação.
Com a viagem a ser feita sempre com a presença do factor chuva, foi na zona de Tondela que começaram a surgir "problemas": apanhámos o primeiro pontão intransponível o que nos levou ao centro da cidade, depois de retomarmos a linha o Germano começou a queixar-se com um furo lento e mais à frente a Sandra deslumbrou-se com um grupo de Peregrinos para Fátima e atirou-se para o chão, facto logo aproveitado para o Germano pôr todos a trabalhar na reparação do seu furo.
Depois de tudo ficar em ordem lá prosseguimos linha fora para na Sabugosa fazer mais um desvio, já que na linha foi feito um polidesportivo, logo a seguir e antes de atravessarmos o túnel de Parada começou o Bruno a queixar-se com uma roda a vazar que, apesar de tudo, ainda deu para ver o padeiro da zona, que apareceu mesmo na hora H, tendo ali ganho o dia com a venda de bolos e pasteis, mas não deu para sair de Farminhão, já que a trilhadela era tamanha que nem o antifuro lhe valeu.
Até Viseu ainda tivemos de fazer mais um desvio na aldeia de Mosteirinho para podermos ultrapassar mais um pontão mas nada que não pudesse ser feito.
Chegados a Viseu entrámos logo na Linha do Vouga uma vez que tínhamos de aproveitar o tempo e se tivemos problemas para encontrar a Linha do Dão, não foi fácil sair de Viseu pela Linha do Vouga.
Depois de alguns metros feitos na antiga linha logo se tomou a opção de subir pela Av. Europa até entroncar de novo no traçado um pouco antes de chegarmos ao quartel da GNR de Viseu mas, também essa foi uma má opção, uma vez que junto ao quartel foi instalado um estaleiro de obras que nos fez recuar de novo.
Quando conseguimos entrar de novo na Linha do Vouga, fomos obrigados a sair de novo ao fim de poucos quilómetros devidos às obras feitas pela autarquia de Viseu ou pelas Estradas de Portugal. A tentativa de entrar de novo na linha também não surtiu efeito depois de percorrermos a N16, porque mais uma vez a opção escolhida levou-nos a entrar num estaleiro e por consequência no quintal duma habitação deixando-nos num bêco aonde a única saída era mesmo pela habitação, coisa que fizemos depois de autorizados pelo dono da mesma.
Com o avançar da hora impunha-se a procura de um sitio onde comer, facto que se fez em Travanca da Bodiosa. A opção foi a de comer num átrio e em pé, uma vez não estávamos em condições de entrar. Molhados e com o frio a apertar,o comer cingiu-se a umas sandes, cervejas, sumos e café. Logo após a paragem foi o Simão quem mais sofreu, entrando mesmo em hipotermia, valendo o facto do Capela ter uma sweat seca para que o Simão recuperasse. Também eu fui obrigado a vestir o impermeável.
O arranque foi custoso por causa do frio e da humidade mas ao fim de algum tempo já se conseguia pedalar a bom ritmo.
A Linha do Vouga era já nossa conhecida e os obstáculos previsíveis, tendo-se efectuado a primeira paragem em S. Pedro de Sul, para retemperar forças.
Esta parte do regresso ocorreu sem incidentes de maior, com apenas mais um furo por parte do Bruno e o facto de os mais capacitados explodirem de vez em quando.
Com a chegada do fim da linha a opção foi parar em Sernada para mais uma vez recuperar pra o resto da jornada.
Como a hora já se adiantava tomou-se rumo a Albergaria à Velha, para fazer a ligação a Aveiro, abandonando a ideia inicial de seguir por S. João de Loure-Azurva.
Chegados à estação da CP por volta das 20h30, já lá estava o Pedro Guedes à espera, ansioso pelo relato, ele que só não participou devido a uma lesão.
Depois da limpeza do corpo, seguiu-se a "limpeza" da alma onde pudemos pôr tudo em pratos limpos até às tantas, começando já a tratar das próximas saídas.
A gente vê-se por aí.
Boas pedaladas.
João Torrão